<![CDATA[ Romeu Bairos lança "Romê das Furnas", um disco "regional" ]]>
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Romê das Fürnas, o disco de estreia de Romeu Bairos, que será lançado na sexta-feira, parte do imaginário popular açoriano e do cancioneiro regional para celebrar o sotaque micaelense e contar histórias das pessoas dos Açores.
"Os órgãos de comunicação, por exemplo, têm um sotaque muito standardizado. A gente queria mesmo mexer nisso e dar a volta. Fazer uma exaltação, no meu caso, do sotaque de São Miguel. Que fosse uma celebração do regionalismo", explica Romeu Bairos à agência Lusa.
O álbum Romê das Fürnas, cuja grafia remete para o sotaque micaelense, nasceu de um encontro entre Romeu Bairos e o músico B Fachada. "Tivemos uma conversa. Porque é que não há sotaques na televisão e na rádio? Porquê? Discutimos, também, quem canta com sotaque. Meses mais tarde, o Fachada liga-me e diz: 'Tu não queres fazer um disco com o teu sotaque?'", recorda o músico que foi finalista do Festival da Canção em 2021. O desafio foi aceite. Com produção de B Fachada, o disco de estreia de Romeu Bairos, natural das Furnas, na ilha de São Miguel, conta com quatro originais e três versões de canções do cancioneiro açoriano."Hoje em dia há muita gente a usar aspetos do regionalismo, mas nunca percebes bem de onde é que aquilo vem porque é sempre um bocado camaleónico. Não. A gente queria puro e duro, indo diretos ao assunto", reforça.
Mergulharam, então, no cancioneiro açoriano, sobretudo a partir das recolhas do etnomusicólogo Artur Santos (1914-1987), entre 1952 e 1960, e escolheram três músicas: Manjericão da ilha de São Miguel, o Sol Baixinho de Santa Maria e Braços da Terceira. Já os originais são inspirados em histórias que Romeu foi ouvindo sobre os anos 50 e que fazem parte do "imaginário" das ilhas, como o caso de "Jacinta", o primeiro single a ser divulgado.
"Estava num velório. Falava-se dos candeeiros de rua que antigamente eram muito fraquinhos e os rapazes aproveitavam para pular janelas [para ir ter com as namoradas]. Estava a absorver aquilo. Depois começaram a falar da minha trisavó Jacinta. A partir daí, lembro-me de estar no avião de volta a Lisboa e começar: 'Jacinta acalma o nervo, teu pai não chega ainda'", conta.
As outras músicas criadas por Romeu Bairos, que também ficou conhecido por interpretar o rapper Sandro G na série Rabo de Peixe da Netflix, intitulam-se Calços da Maia, Roupa Lavada e Pescadô. Apesar de Romeu assumir a pronúncia de São Miguel sem pejo foi necessário um "trabalho grande" para "rever o sotaque" e desconstruir técnicas antigas. "Estivemos a rever palavra a palavra. Como é que havíamos de pronunciar as coisas a pensar muito na maneira como eu falo. Eu antes não cantava como falava", realça o cantautor. O músico, que se faz acompanhar pela viola da terra (instrumento típico do arquipélago), confessa-se surpreendido pelo interesse que o disco gerou, considerando ser um sinal de que as "pessoas querem ouvir mais" sobre a música açoriana.
"Tem de haver um incentivo para a criação. Somos [os Açores] uma terra de uma cultura vasta. Devemos ser o sítio com mais músicos per capita do país. Tem de haver mais criação. Temos de deixar de ter aquela pequenez de pensar que não vai ser aceite", defende.
Para Romeu Bairos, é necessário continuar a "criar música nova" e explorar as "histórias que a região tem para oferecer". Foi isso que procurou fazer ao abordar o "lado mais puro" da vivência açoriana em "Romê das Fürnas".
"O disco não é sobre os Açores. O disco fala das pessoas dos Açores".
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